16/02/2014 20h51 - Atualizado em 16/02/2014 20h57
Menino com paralisia cerebral aprende a andar com aulas de surfe
Em oito meses, Raphael, que chegou com o prognóstico pessimista de que nunca poderia andar, surpreendeu a mãe.
Superar obstáculos é a rotina do Raphael, de 12 anos. Coisas simples, do dia a dia, para ele, são um desafio. Ele tem paralisia cerebral.
“O Raphael tem um tipo de paralisia cerebral que se chama misto, que tem rigidez e alguns movimentos involuntários”, explica a médica Maria Lucia Leal, neurologista infantil.
A fisioterapia, em um caso como o do Raphael, é para toda a vida. Cada pequeno passo é comemorado como se fosse uma vitória. Mas não era só esse o problema. Raphael também tinha convulsões, momentos de sofrimento para ele e para a mãe, Fabiana.
“Há aproximadamente três anos, ele usa o medicamento, que é importantíssimo fazer o uso regular da medicação. E aí entra o papel da família e da mãe. Que a mãe é uma mãe extremamente responsável”, destaca a médica.
Um dos efeitos da paralisia cerebral é encurtar e enrijecer os músculos e tendões. Para poder andar, muitas vezes, os pacientes, ainda crianças, têm que passar por cirurgias.
“Alongamos os tendões dele, atrás do joelho, para esticar o joelhinho dele, e alongamos os tendões atrás da perna dele. Esse alongamento, você faz uma incisão posterior atrás do joelho. Quando você estende o joelho dele, você engessa e, automaticamente, esse tendão vai cicatrizar em uma posição alongada”, explica Fábio Peluzo, ortopedista pediátrico.
A melhora foi visível. Raphael faz questão de agradecer ao Doutor Fábio, que tem algo em comum com ele: os dois são corintianos.
Com todo esse tratamento, Raphael, pouco a pouco, foi se firmando. Mas o que ninguém esperava é que ele tivesse a ajuda de algo inusitado para melhorar a coordenação motora, o equilíbrio e a força muscular: aulas de surfe.
Fantástico: E o surfe é importante porque ele ama, né?
Maria Lucia Leal, neurologista infantil: 
Tá dando prazer para ele, e ajuda. Todo o tratamento que o Raphael está fazendo é fundamental: fisioterapia, fonoaudiologia, terapia 
ocupacional, pedagogia e o surfe.
Há cerca de dois anos, Raphael frequenta uma escola de surfe em Santos, no litoral paulista.
Fantástico: Como é que o Raphael chegou aqui, quando você viu ele pela primeira vez?
Cisco, professor de surfe:
 Ele tinha o formato da cadeira. A expressão dele era apática, os ombros fechados, cabeça baixa, não conseguia ter locomoção nem força para levantar a cabeça, e nem andava.
Desde as primeiras aulas, o sorriso largo do Raphael foi o sinal da mudança que iria acontecer.
“Eu acho que ele descobriu um elemento que é fundamental para todos nós: o seu elemento. Ele tem o elemento da água com ele. É isso que fez ele andar como se fosse uma tartaruguinha nos primeiros passos, engatinhando para o mar sem querer parar”, diz Cisco.
Não se sabe se foi o sol, o balanço do mar, as aulas de surfe, ou tudo junto. O fato é que, em oito meses, o Raphael, que chegou com o prognóstico pessimis“Ele estava em pé. Aí eu parei e falei: ‘espera aí que a mamãe vai te pegar pra você não cair e se machucar’. Ele disse: ‘já estou andando’. E veio de braços abertos. Eu comecei a gritar e eu gritava: ‘meu filho tá andando’. Lembro que eu cheguei na fisioterapia de manhã e falei assim: ‘doutora, meu filho está andando’”, conta Fabiana dos Santos, mãe de Raphael.
ta de que nunca iria andar, fez uma surpresa para a mãe.
Já faz mais de dois anos que Raphael não tem convulsões. Ele se tornou amigo do mar. E como um bom amigo, mostra toda a alegria no reencontro.
Raphael agora quer flutuar sobre as ondas. Quer voar, mergulhar de cabeça na nova vida. Os passos ainda são inseguros, mas sabem aonde ir. Raphael parece dizer: ‘com licença, que eu quero passar, preciso abraçar alguém muito importante’. E aí, não tem como não chorar.
“O Raphael é um anjo que veio para a gente aqui. Eu tenho quase certeza, eu posso estar enganado, mas pode ser que ele consiga ainda ficar em pé sobre a prancha. Não é um esforço meu, mas é uma conquista dele. Ele está querendo isso”, diz Cisco.
“Esperei tanto tempo. Sabe o que é dez anos uma mãe: ‘o meu filho vai andar, o meu filho vai andar’. Não tem desafio que eu e meu filho não vença. Vai ficar em pé na prancha e não precisar mais da ajuda de ninguém para subir nela”, avisa a mãe.


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