Jonathan Morris
da BBC em Plymouth, Inglaterra
Atualizado em 27 de junho, 2012 - 05:15
(Brasília) 08:15 GMT
Archie Pollock, 13 anos, portador de autismo, durante sua
aula de surfe
A prática de surf está sendo promovida na Grã-Bretanha
como terapia, em escolas especializadas, para jovens excepcionais.
Um dos alunos da escola Discovery Surf School, em Devon, na
costa sul da Inglaterra é Archie Pollock, 13 anos, que tem uma forma mais
severa de autismo.
Há dois anos, a mãe de Archie, Christianne, ficou sabendo as
aulas na Discovery e levou o filho.Ele mal fala ou escreve, não consegue
permanecer quieto e se recusou a comer carne, peixe ou verduras durante anos.
Archie gosta de aproximar das pessoas e farejá-las e não pode ser deixado
sozinho.
Depois de negociar com Archie o uso do macacão para surfar
nas águas geladas costa britânica, já que ele não suporta roupas apertadas, o
menino começou a ter sessões semanais de surfe.
Segundo Christianne, depois de começar a surfar, Archie
ficou mais relaxado e tranquilo na presença de outras pessoas.
"No ano passado ele surfava durante todo o tempo livre
que tinha. Ele estava relaxado e nós estávamos relaxados. Foram as primeiras
férias (em família) que nós realmente aproveitamos."
A mãe do menino acredita que a exposição ao vento e às ondas
ajudou Archie.
"Ele gosta dos elementos. Ele é muito sensorial e eu
imagino que o surfe forneça isto (sensações)", disse.
Veteranos
Há vários anos, na Grã-Bretanha, membros das Forças Armadas
que sofriam de transtorno de estresse pós-traumático disseram que a prática do
surfe aliviava sintomas do transtorno.
Várias escolas de surfe do país agora estão aceitando
crianças com autismo, paralisia cerebral e síndrome de Down.
Pesquisadores ainda não comprovam benefícios de aulas
Mas, para Matthew White, pesquisador do Centro Europeu para
o Meio Ambiente e Saúde Humana, na Cornualha, não há provas conclusivas dos
benefícios do surfe para estes casos.
"É por estar na água, pela atividade física, é a
qualidade dos instrutores, é melhor que qualquer terapia com arte, montaria em
cavalos ou ficar em casa assistindo (o time da) Inglaterra vencer a Ucrânia
enquanto bebe uma cerveja?" questiona o pesquisador.
"Nós simplesmente não sabemos, pois não foi feito
nenhum estudo de controle", acrescentou.
O Centro Europeu para o Meio Ambiente e Saúde Humana
trabalhou com a empresa de surfe baseada na Cornualha Global Boarders, que dá
aulas para crianças que foram excluídas de escolas.
White conta que estas aulas trouxeram "mudanças
positivas" nas atitudes e comportamentos das crianças.
"Temos algumas ideias do porque isto aconteceu, mas não
é uma solução rápida e mágica. Vai depender muito do profissionalismo e dedicação
dos (professores) que participam do programa e não vai funcionar com todo
mundo."
"Como um entusiasta do surfe, porém não muito bom,
posso ver onde estão os benefícios mas... não deveríamos confundir palpites com
provas", afirmou.
Competição
Na semana passada mais de 40 competidores participaram em
Newquay, na Cornualha, do que pode ter sido o primeiro torneio de surfe para
pessoas com problemas de aprendizado.
Wave Project organizou torneio de surfe para pessoas com
problemas de aprendizado
O organizador do torneio, o Wave Project, fez um programa de
seis semanas com verbas do serviço público de saúde britânico, o NHS, em 2010
para analisar o efeito do surfe em pessoas com problemas de saúde mental.
O relatório produzido concluiu que, por 49 libras (quase R$
158) por pessoa, por aula, o surfe "vai fornecer um retorno social
positivo para o investimento", mas afirma também que é preciso fazer mais
pesquisas.
Agora o Wave Project tenta conseguir verbas do NHS para que
um assistente de pesquisa analise os benefícios no longo prazo.
"É difícil justificar (o pedido) quando as pessoas
estão perdendo o emprego, mas se economizar dinheiro no longo prazo reduzindo o
custo dos tratamentos de saúde mental, valerá a pena", afirma Joe Taylor,
coordenador do Wave Project.
Para Christianne Pollock, mãe de Archie, não há dúvidas de
que a proposta é válida.
"Depois de anos de atividades que duravam no máximo
alguns minutos, ver Archie encontrar algo que ele faz feliz durante horas ainda
me emociona", disse.
Há quatro anos meu filho faz aulas na escola e muito mais do que aprender a surfar fizemos amigos e compartilhamos momentos de muita alegria.Tomo a liberdade de sugerir que leiam a postagem Dividindo espaços em meu blog.O assunto da crônica é uma prancha:
ResponderExcluirhttp://considerasobreeducacao.blogspot.com.br/2012/07/dividindo-espacos.html